sexta-feira, 1 de abril de 2011

Avanço do trem requer desapropriações em Novo Hamburgo

22/03/11 - Diário de Canoas

Novo Hamburgo - Desde que as obras de extensão do trem começaram, a paisagem urbana e o trânsito têm passado por muitas modificações. E mais mudanças estão a caminho. Depois da desapropriação de parte do terreno do Hipermercado Carrefour, já foi decretada a desapropriação de parte da área das Tintas Killing, na Avenida 1.º de Março. 

Conforme o engenheiro da Trensurb Lino Fantuzzi, também estão em andamento as tratativas para desapropriar o local onde hoje se encontra a Arezzo e o estacionamento da Clínica do Rim, ambos na Avenida Nações Unidas. 
Os dois espaços serão futuramente utilizados para a construção das rampas de acesso à plataforma da Estação Novo Hamburgo localizada em frente ao Bourbon Shopping. Até o momento, já foram concluídos 74,8% dos 9,3 quilômetros de extensão das obras de extensão do metrô ao Município. A previsão é que a Estação Liberdade, que está praticamente pronta, comece a operação comercial em agosto deste ano.

96% de soluções amigáveis

Conforme a Coordenadoria de Desapropriações da Trensurb, a desapropriação das áreas particulares para a implantação do sistema metroviário tem ocorrido de forma tranquila, com o índice de 96% de soluções amigáveis. De um total estimado em 61 propriedades, 25 já foram desapropriadas. Para a Trensurb, os números revelam uma ótima acolhida por parte dos particulares e a prática de valores indenizatórios justos, conforme prevê a lei. As tratativas são estabelecidas pela coordenadoria diretamente com os proprietários dos imóveis atingidos. As negociações são estabelecidas à medida das necessidades do andamento das obras e de acordo com o decreto de declaração de utilidade pública. 

O QUE DIZEM OS PROPRIETÁRIOS

A franqueada da Arezzo em Novo Hamburgo não quis falar sobre o assunto e indicou a assessoria de imprensa da sede da empresa, que informou não se manifestar sobre o tema. O empresário João Carlos Hartz, proprietário do terreno, afirma que, em função de desconhecer o projeto, prefere aguardar mais informações antes de emitir sua opinião. 

De acordo com o diretor-presidente da Killing, Milton José Killing, todo o processo de desapropriação de um pequeno pedaço da área está sendo acompanhado de forma tranquila pela empresa. "Entendemos que a chegada do trem a Novo Hamburgo será um fator muito positivo para o desenvolvimento da cidade. As negociações com a Trensurb estão sendo muito bem encaminhadas."

Estaca para perfurar o solo

Quem acompanhou as perfurações de solo na Avenida 1.º de Março lembra que o equipamento ocupava bastante espaço devido ao tamanho da broca. Como a Avenida Nações Unidas é mais estreita, os engenheiros do Consórcio Nova Via optaram por utilizar outro dispositivo. Conforme o engenheiro do consórcio Nilton Coelho, a mudança foi necessária para que o fluxo de veículo em meia pista pudesse ocorrer no local. "Nesse trecho a gente utiliza uma estaca metálica, que é cravada no chão", explica. Segundo ele, embora o aparelho seja bastante barulhento, nenhum tipo de vibração é transmitida. 

MONTAGEM DO AMV

Várias equipes trabalham nas obras de extensão do trem. Uma delas se ocupa atualmente pela montagem do aparelho de mudança de via (AMV), dispositivo que permite ao trem passar de uma via para outra. O mecanismo é composto por duas lâminas móveis, chamadas de agulhas, que podem se deslocar entre os dois trilhos, além da parte central, o cruzamento, conhecido como jacaré ou coração. O gerente de engenharia, Rodrigo Lacerda, explica que quando as rodas entram no AMV, elas são direcionadas para frente ou para o desvio, em função da posição das lâminas. 

Isso faz com o trem troque ou não de via. Os AMVs são as únicas peças móveis da linha ferroviária e sofrem grandes esforços. Por isso, são construídos com aços especiais, de elevada resistência e durabilidade. Na primeira etapa da obra (até a Estação Liberdade), serão instaladas quatro unidades do aparelho, com o término da instalação previsto para o primeiro semestre de 2011. Ao longo dos 9,3 quilômetros serão instalados 12 AMVs. 

Trensurb busca solução para superlotação

Com recorde de usuários nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, o trensurb dá sinais de superlotação. Foram transportados, respectivamente, 3.693.110 e 3.540.013 usuários no período. Isso

representou, no mês de janeiro, um aumento da demanda de 6,31% (219.389 usuários a mais) e, em fevereiro, de 16,83% (510.170). A constatação fez com que a Trensurb cancelasse o horário de férias, com intervalos maiores, e retomasse a operação normal antes do previsto. Decisões como essa e a inclusão de mais um trem no horário de pico da manhã demonstram que o sistema atual não dá conta da demanda crescente. 

O QUE DIZ A EMPRESA

O presidente da Ternsurb, Marco Arildo Cunha, reconhece o problema e diz que já discute as soluções com o governo federal. ‘‘A questão hoje é a superlotação. Estamos discutindo na sala de situação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a necessidade de ampliação de frota. Queremos frota nova. Falei com o coordenador do PAC, Maurício Muniz, e expliquei a importância disso’’, diz Cunha. Para ele, a superlotação dos trens é reflexo da situação econômica do País. ‘‘É sinal de que a economia está aquecida. Em janeiro e fevereiro tivemos recordes de novos empregos e 80% das pessoas que andam no trem têm carteira assinada e se deslocam entre a casa e o trabalho. Além disso, a tarifa de R$ 1,70 está muito aquém das tarifas de ônibus.’’ 

Pode piorar

A situação deve piorar com a inauguração da extensão do trem até Novo Hamburgo. Quando a obra com mais quatro estações chegar ao fim, a demanda de usuários deve aumentar em 30 mil/dia. Para dar conta da demanda até a compra de novos trens, entretanto, a empresa deve adotar o sistema de carrosséis, no qual um trem vai até a Estação São Leopoldo e outro até Novo Hamburgo.

À ESPERA DO GOVERNO

Em 2010 a Prefeitura de Novo Hamburgo solicitou a inclusão da Estação Industrial, não prevista no projeto original; melhorias na Estação Fenac, para que o espaço tenha ligações com a Estação Rodoviária; e o rebaixamento do canal do Arroio Luiz Rau, com o aumento de sessão, para ampliar o escoamento das águas. A lei permite o máximo de 23%, sobre o valor inicial da obra, de gastos aditivos. Como a extensão do trem garantiu recursos de R$ 730 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as três obras, incluindo o viário do entorno da Estação Rio dos Sinos, em São Leopoldo, não poderia ultrapassar R$ 167,9 milhões. Conforme o prefeito Tarcísio Zimmermann, o Município ainda não obteve resposta junto ao governo federal se os recursos serão ou não liberados. Tarcísio informa que não há possibilidade da União empenhar apenas uma parte. Isso significa que se não houver recursos suficientes para realizar todo o conjunto de obras, nenhuma delas poderá sair do papel. De acordo com o prefeito, somente a canalização do arroio está orçada em R$ 78 milhões.

http://www.diariodecanoas.com.br/site/noticias/geral,canal-8,ed-60,ct-510,cd-311112.htm

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