terça-feira, 16 de abril de 2013

Melhor esperar sentado


16/04/2013 - Zero Hora - Porto Alegre

OPINIÃO

Rosane de Oliveira

Depois de ontem, quem já andava receoso de que o metrô continuasse no terreno dos sonhos dos porto-alegrenses tem boas razões para temer que o projeto nunca saia do terreno das promessas. Quando se esperava que o prefeito José Fortunati anunciasse o vencedor da proposta de manifestação de interesse (PMI), veio a má notícia: o processo, que andava a passos de tartaruga desde o anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff, em outubro de 2011, retrocedeu. Como nenhuma das duas propostas apresentadas é viável, um novo edital será lançado para que as empresas interessadas apresentem uma alternativa no modelo possível e mais barato do que o ideal.

O metrô ideal correria em trilhos 20 metros abaixo da superfície, abertos por uma máquina conhecida como tatuzão, que escava por baixo da terra, causando transtornos mínimos ao trânsito. O problema é que esse modelo, tecnicamente conhecido como shield, custaria R$ 9,5 bilhões, conforme proposta apresentada pelo consórcio Invepar/Odebrecht. E o orçamento inicial do metrô é de escassos R$ 2,4 bilhões.

Se não dá para fazer o ideal, Fortunati vai tentar o plano B, o modelo "corta e cobre", em que os túneis são escavados trecho por trecho, pouco abaixo da superfície, e cobertos por chapas de concreto. Imagina-se que nesse modelo será possível fazer o metrô por cerca de R$ 3 bilhões. Será possível construir o metrô no modelo "corta e cobre" por menos de um terço do "tatuzão"? Embora Dilma tenha sido veemente na defesa do metrô, se não houver dinheiro, não haverá como executar a obra. Estará o governo federal disposto a ampliar sua participação para além do R$ 1 bilhão prometido e dos empréstimos à prefeitura e ao governo do Estado?

Ontem, Fortunati contou na Rádio Gaúcha que pretendia anunciar o resultado da licitação fracassada no dia 10, mas o Ministério do Planejamento pediu que esperasse passar a visita da presidente. Essa informação indica que, ao defender o metrô dirigindo-se ao prefeito, Dilma estava dando uma satisfação aos gaúchos e não puxando a orelha de Fortunati, como pareceu para boa parte dos que assistiram ao discurso dela no Auditório Araújo Vianna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário